segunda-feira, 27 de março de 2017

Ding Dong

Chegou na minha vida sem pedir permissão.
Que fique claro: não autorizei a entrada!
Porém, como não bloqueei passagem, tomou lugar.
Veio (quase) invadindo os espaços, de mansinho.
Sentou-se em um lugar – onde se sentiu confortável
Para esbanjar sua autoconfiança
Diante do meu olhar perdido.
Não esboçou sentimentos ou sentidos.
Ficou.
Andando pelos cômodos tentei ignorar,
Passando espanador onde não havia o que limpar.
Está.
Mas o que eu queria mesmo era sair desse lugar.
(Era?)
E me libertar, sem olhar pra trás.
Como se nunca tivesse deixado a porta aberta – vacilo!
Como se nunca tivesse estado por lá.




domingo, 19 de março de 2017

Em tempo, há tempo... – Círculo vicioso

Texto escrito em 2010. Não me recordo ao certo a quem ou o que eu me referia – mas tenho ideia. Hoje, o “quem” certamente é (ou seria) outro. Ou mesmo não ser(ia) ninguém. O que ressalto é o martelar insistente de certos sentimentos (indevidos). Fiz pequenos ajustes. Nada mais.


Por que ainda insisto?
Eu, que sempre desisto.
Mas transgrido.
Meus limites são extensos,
Não tenho controle.
Sorte, mantenho em mim,
Mas são tensos tais pensamentos.
Não quero!
Quero minha liberdade.
Liberdade d’alma.
Limpar a mente.
Mas,
Faz-me falta.
Quando não recebo a resposta,
Mesmo intransigente.
Estúpido... você!
Insensata... eu!
Mantra suave para não enlouquecer.
Apagar, esquecer.
Mas,
Como saber?
Escrevo novamente...
E, mais uma vez, arrependo-me.
Dúvidas,
Ou desculpas?
Certamente, culpas!
O que faço?
Peço a Deus que me perdoe.
Não mereço Seu perdão,
Afinal, mais uma vez!
Não aprendo.
Sou humana,
Sou assim.
No fim, quero apenas o fim
De tudo isso,
Dessa dúvida sem fim...


quarta-feira, 15 de março de 2017

Recorte

Quase distraída, passou a mão em alguns papéis e numa caixa de lápis coloridos. 
Jogou tudo na mesa e, em uma folha, rabiscou um “coração”. Começou com um contorno e finalizou preenchendo-o na cor vermelha, quase rasgando: o peito e a alma. Ao terminar, ainda lembrou-se do tempo de criança, quando os desenhos eram anseios para projetos futuros. Agora, adulta, apenas um meio de esquecer.
Levantou e pegou a tesoura, antes largada em cima de um móvel. 
Furou o desenho, arrancou a parte feita há pouco e dilacerou-a com raiva. 
Fixou os olhos na parte preservada... E desejou que também assim fosse dentro dela...

segunda-feira, 13 de março de 2017

Ao portador do ato e da fala...

Texto feito em homenagem aos atores/dubladores que conheço e admiro. 

“... porque admirar alguém que atua ou dubla é mais ou menos isso: autorizar que o talento, através das artes, nos faça morada, seja através das várias histórias presentes em cada um dos personagens interpretados ou mesmo pelos trejeitos escondidos através da fala.
E um bom ator/dublador nos sacode, atiça novas reações, mexe com corações, resgata memórias quase esquecidas!
Admirar (nesse contexto) é permitir que o artista, através do seu olhar e destrezas (frente ao público) ou sua fala (escondida em outros rostos), possa nos preencher vazios ou transbordar sentimentos já existentes.”


domingo, 12 de março de 2017

Dardo certeiro

Ferroou meu coração tal qual abelha.
Logo eu, que sou alérgica!
Um antialérgico seria ineficaz, pois, aliás, nem na prateleira existe!
Agora, “ferrou”!
Inflamou tal qual chama que arde e queima!
O ferrão fez inchar um coração que não queria nem pulsar, quanto mais...
Ah, deixa pra lá!
Se não me matou, deve passar.
Como todos os outros, esse futuro do pretérito, certamente passará...


sexta-feira, 10 de março de 2017

Em tempo, há tempo... - Goteira

Texto de 24/01/2011.
Hoje não me sinto assim. 
Mas ainda acontece, vez ou outra.


"Torneira pingando...
Restos de vida que se vão.
Nada importa àquele que vê tal desperdício.
Porém, quem gasta, não perde seu tempo
Frente ao tempo perdido.
Há bons dias,
De extrema abundância.
Águas que limpam,
Que colaboram,
Que carregam o que não deve ficar.
Água pode ser como o fogo,
Apesar da oposição.
Ilumina,
Clareia,
Purifica.
Mas hoje,
Só enxergo gotas perdidas.
As gotas inúteis.
Sementes do nada,
De uma umidade constante.
Preocupar-me-ia?
Nem um pouco.
Quero mesmo o esvair da vida.
O quanto antes.
Em enxurradas.
Para não mais pensar em nada.
Nadar-me-ia..."



Abatida

Esticou o braço para pegar a florzinha.
“Será que ele me ama?”
E começou sem pestanejar:
“Bem-me-quer, mal-me-quer...”
Pensou mais uma vez no rapaz.
“Bem-me-quer, mal-me-quer...”
Naquele dia em que se esbarraram pela primeira vez...
“Bem-me-quer, mal-me-quer...”
... e na última, onde se cumprimentaram.
“Bem-me-quer, mal-me-quer...”
Não sabia ler olhares,
“Bem-me-quer, mal-me-quer...”
... mas queria ser traduzida pelos seus.
“Bem-me-quer, mal-me-quer...”
Suspirou sem muita paciência,
“Bem-me-quer,...”
E jogou no chão, sem o brilho inicial,
O cabinho da flor com sua última pétala...



domingo, 5 de março de 2017

Reflexo

“Começou como quem não quer nada
E em esperanças para fugir do não dito.
Findou sem palavras ou reticências
Numa quebra - em estilhaços - no espelho do tempo.”

Resultado de imagem para vidro estilhaçado

sexta-feira, 3 de março de 2017

(In)Sensatez

Não gosto de gente prudente demais. Gente que apaga sonhos de criança e se volta apenas para as firmezas de uma vida séria demais. Que esquece que as cores dos dias são formadas pelas dúvidas, risos, tropeços e inocentes idealizações.
Falta-me paciência com quem está sempre com os pés no chão. Aqueles que sempre miram na sobriedade da vida e que colocam sorrisos apenas onde convêm ou onde são permitidos pela lei da hipocrisia humana.
É claro que é preciso saber separar a realidade da ficção na nossa mente, mas acredito que é imprescindível um toque de leveza para lidar com os azedumes que a vida nos apresenta – e muitas vezes nos acorrenta.
A vida não é um conto de fadas. Nunca foi, nunca será. Até quando bem jovens costumamos levar bordoadas que custamos superar. Mas, me pergunto, o que seria de nós se não alimentássemos, vez ou outra, um pouco de paixão e doçura nos nossos olhares?
Percebo-me antiga e não sei se estou sendo “correta” ao me manter assim. E, talvez por isso, sei que ainda tropeçarei muito nas aspirações tolas que ainda carrego.
Ainda desejo alguns toques e olhares tenros na minha biografia – de pessoas e situações que provavelmente fugirão para bem longe de minha “loucura”! E pode ser que, em muitas páginas do livro da minha história, eu nunca os alcance!... Porém não sei olhar para o futuro sem ter comigo a chance de voar – e, sim, me divertir! – rumo aos anseios mais improváveis e irremediáveis do meu coração.
Desse modo, sigo. Alto ou baixo, mas de acordo com o voo que resolvi alçar em cada momento vivido – ou não.