sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Platônico e atemporal

E na distância, que nem o passar dos anos pode explicar, encontrei olhos que gostaria de encarar. Porém, a relação entre tempo e espaço nem sempre é justa. Ah, mas como gostaria de ter, “páreo a páreo”, a mesma época que a sua... Talvez fosse – aquela – a chance de perseguir sua afeição e tornar-me parte de seu enredo. Mas não poderia. Eu, menina; você, homem feito.
As estações transcorreram e sua vida formou-se em outras. Gerações afastadas, entretanto (ainda) com um desejo latente de ter um pouco do outro por perto. O olhar é do agora. A paixão rápida e juvenil nasceu anos depois, e num fio único de esperança, solicito baixinho: “Quer fazer parte da minha história?”.


6 comentários:

  1. Penso: Será que amor tem tempo minha linda? Eu só sei que o amor é, como diz parte do título deste maravilhoso texto de Zé Mario, "Atemporal". Amor não vê nada, não conhece tempo, idade, cor. Amor apenas vive de sentir, nasce quando não podemos conter a energia que emana do outro, seja através de uma conversa ao telefone ou um simples recadinho, em que se lê "Bom dia."
    Como pergunta o texto “Quer fazer parte da minha história?”. Eu aqui deste lado com distância física, de idade ou qualquer outra coisa que seja, respondo: "_Sim, eu quero fazer parte da sua história." Aceito mesmo que seja platônico, porque o amor ultrapassa barreiras, gerações, paredes e consegue levar alegria e vida à um coração que "pensava" ser solitário!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Querida amiga Águia, não sei muito o que falar sobre o amor, pois todos os que já vivi foram amargados pela decepção ou rejeição. O que posso relatar são os anseios que me abraçaram cada vez que tal sentimento resolveu me cercar – e o que fizeram em meu benefício ou fim.
      No caso em questão, é complicado, já que o olhar de hoje é voltado para um tempo que não tem como recobrar. Se assim pudesse, provavelmente, eu meteria os “pés pelas mãos” como sempre fiz, e acabaria com mais lágrimas guardadas num potinho quase esquecido em mim.
      Talvez seja melhor assim: amarrada às impossibilidades que o tempo impõe, porém numa tentativa de chegar perto (ao menos um pouco) do que o amor em amizade é capaz de proporcionar. Nada é como antes. E provavelmente nem seria diferente mesmo com minha utopia acionada.
      Sou meio indiferente aos pesos reais que os anos carregam, mas eu seria incapaz de invadir a privacidade de tal “personagem” – ou melhor, de seu criador -, tendo em vista que estou me baseando em imagens, falas e gestos pré-concebidos. Não posso ultrapassar limites, pois o que tenho é apenas um frágil molde do que poderia ter sido se os tempos entre eu e tal figura fossem paralelos. Apenas uma fértil fantasia.
      Mas isso não vem ao caso. A cada (pouco, mas verdadeiro) sinal de uma pequena semente nascida no meu coração pode virar poema ou silêncio. E por que guarda-lo, se vai passar? Contento-me saber que alguém passou por aqui (blog) e levou consigo fagulhas do que senti, mesmo sem querer, e que saíram de mim em letras perdidas...

      Excluir
    2. Então, levo comigo as milhares de fagulhas do que sentiu em cada um de seus escritos e postagens. Eles sempre nos ensinam muitas coisas!

      Excluir
    3. Fico lisonjeada com os elogios, Águia!
      Quem me dera ter tanto a ensinar!
      Mas posso afirmar que seus textos sim, possuem muito a nos acarinhar e acrescentar!
      Sempre grata por sua presença por aqui!

      Excluir
  2. Respostas
    1. Infelizmente (ou felizmente?) algumas vezes tem tempo sim, amigo. Não para existir em si, mas para "ser" - realmente...

      Excluir