quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Ermo

Há dias que a vida faz-se presente tal qual um tapa na cara. Ou um grande soco no estômago. São dias de compreensão de uma verdade que jorra para dentro do sangue, sem meios termos. O solavanco surge na forma de frases e gestos de quem mais precisamos naqueles instantes. Quem era para ser “ajuda”, torna-se “tortura”. E pior: somos nós que, aos poucos, por querermos bem, por respeitarmos o outro, autorizamos a entrada em nosso território e, assim, acabam fazendo pouco caso do que temos de (aparentemente) importante.
O desgosto, que já se fazia presente, começa a ter a aparência de apenas um devaneio, pois a angústia pré-existente agiganta-se no momento do empurrão dado para dentro da lama.
Hoje, estou profundamente entristecida. Por ter fé em algumas pessoas e nas circunstâncias que surgem no caminho. Percebo que, nos poucos momentos que tento abrir as portas que dão acesso aos meus destroços – como um pedido de socorro – mais lixos são arremessados, mesmo que eu tente me esquivar!
Não sinto mais sabor. Quase não enxergo mais cores. E quando sinto que esse ser chamado solidão se aproxima cada vez mais, sentando-se ao meu lado, prevejo a poça suja e embaçada à minha frente, em tons de cinza e nublado.



2 comentários:

  1. Posso sentar do seu lado? Só pra ver com você a poça de água suja?
    Eu fico quietinha, prometo ficar caladinha. Só pra você saber que eu estou aqui, você não está sozinha!

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    1. Ô, amiga águia, agradeço a companhia!
      Nem sempre saberei falar alguma coisa, enquanto vejo a poça suja à minha frente... mas minhas lágrimas poderão ser um recado para o que estou sentindo.
      Obrigada por estar aqui!

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