terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Em tempo, há tempo - Tormenta

Texto gestado em junho de 2010. Não me recordo das reais ranhuras que me acometiam na época, mas ainda reconheço parte da perturbação que me arremetia, em segredo, contra desejos e carências. 

Chuva fina,
Refresca, revigora.
Deixo-me molhar.
Viver o momento, a doçura, a pureza.
Olhar para o alto e sonhar em meio às nuvens negras e agitadas pelo vento...
Apenas deixar-me levar pelo momento. 
Chuva grossa...
Perigo iminente.
Risco de raios, estrondo, trovões.
Talvez procurar um abrigo.
Talvez enfrentar o desejo de deixar a água,
valente e furiosa,
escorrer naturalmente pelo corpo.
Falta forças para sair do lugar.
Vento forte.
A ventania quase derruba.
Os sons tornam-se assustadores e instigantes.
Quero-os, porém, nego-os.
Não devo.
Não posso.
Sou filha desse céu que nos chicoteia em gotas.
Mas exageradamente apaixonada por suas surpresas.
Granizo.
Machuca a pele, magoa a alma.
Verdade enganada, mentira discreta.
O corte na carne representa o choro da alma.
Tenho que entrar,
Aqui fora já me notaram.
Chorei ao entrar, mas sangrei ao sair...

Resultado de imagem para sozinho na chuva triste

2 comentários:

  1. Que lindo, sofrido, porém lindo, sentimos na pele o que vc escreve ...chorou ao entrar e sangrou ao sair... Espero que a chuva tenha lavado todo o sangue derramado e as feridas tenham cicatrizados.
    Bjos amiga.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Felizmente, nesse caso, as feridas fecharam.
      As cicatrizes deixadas ainda me lembram outros tempos, que hoje são apenas histórias.
      Hoje pego-me em novas chuvas e vendo novos rasgos na carne... E ainda não me acostumei com isso...

      Excluir