quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Em tempo, há tempo... - Vida

Escrevi o texto abaixo em agosto de 2009 para homenagear um homem que aprendi a amar mesmo sem nunca ter tido a chance de conhecê-lo em vida. Hoje, meu carinho continua. E a tristeza de não ter a oportunidade de abraça-lo, também. Porém, ainda abro os braços para sua ressurreição em mim.
Fiz pequenos ajustes, mas a essência do texto permanece. E a saudade também.



“Tento, desde bem jovem, compreender o significado da ressurreição de Cristo.
É inevitável não pensar no sentido físico e material do ocorrido: o corpo morreu e, após alguns dias, voltou ao mundo dos vivos. Simples assim. Porém, nem tão simples assim.
Dia 04 de janeiro deste ano (2009), em pleno domingo e após as festividades em torno da esperança de um ano melhor, consegui abraçar, sem erros, o sentido real da ressurreição em vida, mesmo na morte. E não pense que essa compreensão chegou através de um grande milagre. Veio na presença – mesmo ausente – de um ser incrível, com uma história travada em deslizes e marcada com uma divindade palpável às mãos humanas.
Encontrei nas teclas do computador, meio à torrente de informações apresentadas em sites onde a imagem é constantemente exposta, a possibilidade de ganhar um valiosíssimo presente na figura eterna que hoje contrasta com a finitude de dias materiais.
Posso afirmar que presenciei, após dois anos de sua morte, a ressurreição de sua vida em meu coração. Ouvi suas mazelas e apreendi sua relação, carinho e respeito com o próximo. Seu corpo já não mais existia e, mesmo na impossibilidade do encontro pessoal, aprendi a amá-lo de um modo especial.
Hoje tenho a tristeza e a alegria dentro de mim.
A tristeza, que corre em lágrimas no meu rosto, lembra-me que não posso abraçá-lo e dizer o quanto sua experiência e palavras têm me ajudado a crescer e o quanto o amo de modo incondicional. Nesses momentos, acabo me revoltando - por segundos - com Deus, mas logo entendo que Ele tem suas razões por não ter me dado a graça de fazer parte de seus dias - em vida.
Sou ignorante, tudo isso é normal.
Em contrapartida, há uma alegria que atropela a mágoa superficialmente instalada, quando percebo que tive a chance em MINHA VIDA de conhecê-lo e deixá-lo entrar no meu coração.
Como é possível amar quem não conhecemos? Realmente, não sei. Talvez pela força que brota no olhar daquele que anuncia Jesus.
Meu desejo não pode ser sanado nesta etapa crucial ao meu aprendizado terreno. Não posso abraçar Padre Léo e dizer o quanto suas palavras me fazem bem e o quanto o admiro.
Tento me conformar com a incapacidade apresentada e continuar acreditando que, num futuro indefinido, terei a chance de dizer o quanto meu ser ficou mais leve quando ele esteve vivo através de minha memória.
Ele não apenas “ressurgiu” quando se colocou no meu caminho. Ele se desdobra em vários todas as vezes que divulgo sua existência na minha. Todas as vezes que percebo que ele ainda está no meio de nós...



6 comentários:

  1. Bela homenagem ao inesquecível Pe. Leo. Suas pregações são eternas.

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  2. Também descobri por acaso esse ser tão especial, bem depois de sua partida.Fiquei encantada com sua maneira bem humorada, até mesmo engraçada, de pregar.Sempre digo que se fosse possível, ele merecia ser recriado, pois fez a diferença na vida de muitos.

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    1. Seria uma boa ideia, Eunice, "recriar" o Pe Leo!
      Mas, até para alguém - ao menos - se aproximar de seu jeito único de pregar e encantar, é infinitamente impossível . Ressurgir através de nós já é um meio de tentar amenizar o vazio que ele deixou com sua partida...

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  3. Saudade do Pe. Leo, sábio em suas palavras e palestras. È possível sim amar quem nunca se viu, amamos a Jesus, ele mesmo disse :"_Felizes os que creem sem ter visto" Não é mesmo?Por isso eu acredito no amor por essência, você pode amar quem nunca viu porque pode senti-lo, o amor é a energia mais linda e capaz de mutações que existe. Acredito que cada pessoa que desencarna, deixa um pouquinho dela em nós que não os conhecemos e deixa um legado enorme aos que tiveram oportunidade de tocá-los.

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    1. Acredito que essa capacidade que temos de carregarmos um pouco daquele que se foi (em vida ou na morte) é a chance que temos de fazê-los ressurgir no mundo!
      Talvez seja exatamente isso o que chamamos de legado!

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