sábado, 17 de dezembro de 2016

(Des)Apego

Sou daquele tipo de pessoa que, quase sempre, faz algumas limpezas materiais.
Nesses momentos, fuço tudo o que tenho dentro de casa ou trabalho e fico me perguntando se ainda precisarei “disto ou daquilo” um dia e, caso a resposta seja categoricamente um NÃO, separo para doação.
Não sei onde ou quando surgiu essa minha aflição ao me incomodar com coisas acumuladas, mesmo que surjam objetos que - ainda - não consigo me desfazer.
Quando estou nessas arrumações, acabo encontrando coisas que nem imaginava ainda possuir: pequenos papéis de bala que um amorzinho do colégio deu, a fitinha de uma viagem que fiz com os amigos, um papelzinho com algum recadinho aparentemente bobo, mas que no dia me trouxe sorrisos e até gargalhadas... E acabo sorrindo novamente!
Apesar dessa mania de limpeza dos exageros, esses pequenos afagos ainda me fazem feliz e acabo não conseguindo jogá-los fora...
Tenho lembranças (em tais gestos) desde os meus cinco anos de idade, quando uma colega de faculdade de minha mãe me deu um cartãozinho cheio de carinho. Não me lembro da moça que ofertou tal presente, mas nunca me esqueci do modo como me tratava e do carinho que tinha por mim.
Talvez diante da vida imaterial eu reaja de maneira bem semelhante.
Pequenos fatos me atiçam o coração e fazem com que eu me sinta especial. Um sorriso, um abraço, um aceno... Levo comigo para sempre esses pequenos toques na alma! São “miudezas” grandiosas na minha vida.
Sigo fazendo minhas limpezas – na alma e na sala.
Guardando valores e anulando lixos que só me fizeram carregar pesos desnecessários por períodos intermináveis dentro de mim.



6 comentários:

  1. Que linda postagem, ah querida eu sou uma acumuladora, tem coisas que mesmo sabendo da inutilidade para mim, não consigo me desfazer, encontro uma possível utilidade futura, mas é só o inconsciente apego, tenho que evoluir, tenho mania de colocar sentimento, valores do coração onde não deveria colocar. Enfim sou apegada a tudo que me trouxe boas memórias e as guardo material e imaterialmente.

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    1. O melhor é quando tais pertences nos levam, em memória, a reviver tudo que foi vivido! Cheiros, cores, sons que nos carregam ao passado com um toque aveludado de saudade!

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  2. Tenho uma enorme dificuldade em me desfazer de coisas,às vezes até em jogar fora o que é inútil e só ocupa espaço. No final acabo revendo,relendo,relembrando,muitas vezes chorando,e acaba ficando tudo igual com uma certa ordem.

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    1. Hoje já aprendi a limpar esses exageros da matéria. Mas nunca foi fácil! Como vc falou, a gnt acaba guardando coisas inúteis que ocupam espaços onde a energia poderia fluir livremente.
      E o que fazer? Apenas permitir que o tempo nos ajude a reorganizar tais coisas em casa e na alma, para que não façamos um buraco no peito quando no sofrimento por tais perdas...

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  3. Eu não tenho dificuldade em me desfazer de algumas coisas, minha irmã mais nova e meu irmão são o oposto de mim. Gosto de fazer a energia fluir, então dou roupas, sapatos, bolsas, para doação ou na maioria das vezes para a moça que trabalha limpando minha casa. Minha dificuldade talvez seja esquecer jogo o papel, mas a mensagem nela contida eu jamais esquecerei ou apagarei da minha vida. Lembro-me de coisas de infância, de amigos, acontecimentos, professores.. Mas confesso eu nunca jogarei fora um cartãozinho que ganhei de minha professora de matemática "Crer é tornar possível o impossível" Adoro ler seus textos Sandra!Parabéns !

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    1. Acredito que esses pequenos "mimos" que nos dão durante a vida acabam acarinhando nossa memória afetiva. Mesmo que venham em forma de pequenos bilhetes, papéis ou cartões - exatamente como esse, que sua professora lhe presenteou!
      E o coração se enche de alegria ao percebermos essa marca preciosa que nos foi feita na alma!
      Volte sempre!
      Obrigada pelo comentário e pelo carinho!

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